Análise da paisagem sonora de rua comercial exclusiva para pedestres em Aracaju - Sergipe

XXX Encontro da Sobrac Instruções e modelo de artigo para o XXX Encontro da Sobrac 1
Análise da paisagem sonora de rua comercial exclusiva para pedestres em Aracaju - Sergipe
Lima, J. C.1; Oiticica, M. L. G. R.2; Guedes, I. C. M.3
{1-2} Curso de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo/ Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil, {janaina.lima, lucia.oiticica} @fau.ufal.br
3 Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Sergipe, Laranjeiras, SE, Brasil, italomontalvao@academico.ufs.br
Resumo
As múltiplas fontes de ruído em ruas comerciais exclusivas para pedestres podem gerar desconforto e efeitos nocivos à saúde, dependendo da intensidade e do tempo de exposição sonora. Os usuários desses espaços estão expostos a ruídos de vozes e músicas amplificadas por sistemas eletroacústicos, carros de sons para anúncios comerciais, etc. O objetivo deste artigo foi analisar a paisagem sonora do calçadão da rua João Pessoa em Aracaju/SE. Este calçadão é uma das mais relevantes e antigas ruas comerciais exclusivas para pedestres do centro da cidade, dinamizando o comércio local com intenso fluxo diário de pessoas. A metodologia baseou-se em medições e simulações acústicas, gravações de áudio e aplicação de questionários. Das simulações acústicas, gerou-se o mapa sonoro do cenário existente. Os níveis de ruído medidos (de 68 a 81 dBA) superaram o limite normativo, podendo impactar a saúde dos usuários, especialmente, dos trabalhadores das lojas existentes, que ficam mais tempo no local. Os questionários apontaram que 65% dos entrevistados não percebem sons agradáveis. No momento da entrevista, 84% disseram que havia som desagradável, sendo o som das caixas de alto-falante das lojas indicado por 62% das pessoas. Já o som da rádio local foi citado como agradável por 64% das pessoas que haviam percebido algum tipo de som agradável. Estes resultados mostram o descontentamento dos usuários quanto à paisagem sonora do calçadão, onde diversas fontes sonoras com altos níveis, também identificadas nos áudios gravados in loco, dificultam a comunicação e geram poluição sonora.
Palavras-chave: paisagem sonora, mapa sonoro, ruas comerciais públicas para pedestres, planejamento urbano.
Soundscape analysis of a pedestrian-only commercial street in Aracaju - Sergipe
Abstract
The multiple sound sources in commercial streets with exclusive pedestrian circulation can generate discomfort and adverse health effects, depending on the intensity and time of noise exposure. Users of these urban spaces are exposed to noise from voices and music amplified by electroacoustic systems, sound cars for commercial advertisements, among others. This paper aims to analyze the soundscape of the sidewalk in the João Pessoa street, Aracaju, Sergipe. This sidewalk is one of the most relevant and oldest commercial streets exclusive for pedestrians in the city center, boosting the local commerce with intense daily flow of people. The methodology was based on acoustic measurements and simulations, audio recordings and application of questionnaires. From the acoustic simulations, a sound map of the existing scenario was generated. The sound levels observed exceeded the normative limit, ranging from 68 to 81 dBA, which may impact the health of users, especially the workers of the existing stores, who remain longer in the location. The answers from the questionnaires pointed out that 65% of the interviewees did not perceive pleasant sounds. During the interview, 84% said there was unpleasant sound, and the sound from the stores' loudspeakers was indicated by 62% of the people. On the other hand, the sound of the local radio was cited as pleasant by 64% of the people who had perceived some kind of pleasant sound. These results show the dissatisfaction of users regarding the boardwalk soundscape,
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where the presence of several sound sources with high levels, also identified in the audios recorded in loco, hinder communication and generate noise pollution.
Keywords: soundscape, sound map, public comercial pedestrian streets, urban planning.
1. Introdução
No mundo contemporâneo, o ruído está intrínseco no cotidiano da maioria das pessoas. A rápida urbanização e o crescente adensamento dos centros urbanos, associados às mudanças nos hábitos e estilos de vida, expõem a população a ruídos mais ou menos invasivos ao longo do dia. Seja no local de trabalho, nos diversos espaços públicos abertos das cidades ou na própria residência, os sons ou ruídos devem ser avaliados e caracterizados, uma vez que altos níveis de intensidade sonora e de tempo de exposição podem gerar efeitos prejudiciais nas atividades e na saúde humana [1]. A abordagem qualitativa do ambiente sonoro urbano, a partir de observações, entrevistas e gravações de áudio, representa o método para caracterizar a paisagem sonora, em que os níveis sonoros medidos não devem ser avaliados de forma dissociada da percepção do usuário [2]. A triangulação de vários métodos de abordagem é sugerida para validação dos resultados da análise da paisagem sonora através da verificação de três componentes: pessoas, contextos e ambiente acústico [3].
A paisagem sonora consiste, portanto, na mudança de paradigma das políticas de controle sonoro para uma nova abordagem multidisciplinar, pois envolve não só medições físicas, mas também, a percepção dos usuários e a cooperação das ciências humanas e sociais, centrando-se no modo como as pessoas percebem o ambiente acústico [3]. Embora o termo ‘paisagem sonora’ (tradução de ‘soundscape’) tenha sido introduzido por Southworth em 1969 e, amplamente, difundido por R. Murray Schafer como novo campo de pesquisa na década de 1970, apenas nos últimos 20 anos tem sido mais estudado, com o consequente aumento de publicações científicas [4] e, pouco a pouco, vem se destacando na esfera do poder público.
Há diversos trabalhos internacionais e nacionais sobre paisagem sonora [5-9]. Em especial, o trabalho desenvolvido por Kang [5] discute os desdobramentos atuais do tema no que se refere às terminologias, à normalização e aos métodos de harmonização para avaliação e documentação, o que indica o interesse e a necessária continuidade de pesquisas nesta relevante área da acústica ambiental. Hosseini e Kowkabi [6] investigaram o ambiente sonoro da rua 15 Khordad, Distrito 12, em Teerã, Irã, com objetivo de verificar os seus efeitos sobre o comportamento e as atividades, além de avaliar a ‘agradabilidade’ geral do ambiente pelos transeuntes. Esta rua possui uma parte pedonal, localizada em uma região histórica da cidade com diversos estabelecimentos comerciais ao seu redor, atraindo não apenas os moradores, comerciantes e clientes, mas também turistas. Os resultados apontaram que a rua avaliada está exposta a níveis de ruído acima de 65 dB. Foram aplicados 288 questionários, utilizando-se a escala de Likert de cinco níveis (de muito baixo = 1 a muito alto = 5). Os resultados evidenciaram ainda que a maioria das pessoas frequentam a rua com o objetivo de estudar, fazer compras e trabalhar. Apesar de ser uma rua para pedestres, o fato de não trazer amigos e familiares é reforçado devido aos efeitos psicológicos desagradáveis. Os sons considerados mais incômodos foram das vozes das pessoas, dos vendedores ambulantes, motocicletas e pedestres.
Zamorano-González et al. [7] descreveram a relação entre o nível de ruído do tráfego rodoviário e a percepção de incômodo nos habitantes de Matamoros, cidade localizada na fronteira norte do México. As vias com tráfego diário médio anual superior a mil veículos foram consideradas para a medição do ruído de tráfego. Os questionários foram aplicados às pessoas que residiam em um raio de até 250 metros dos pontos de medição e os dados de percepção foram analisados, estatisticamente. Obteve-se níveis de ruído acima de 70 dB para o período diurno e um total de 2.350 voluntários responderam o questionário. Deste universo, 48,1% das pessoas consideraram o ruído incômodo e 51,9% responderam que não se incomodavam ou não sabiam responder. Com base nesses resultados, os autores concluíram que a população se mostra insensível ao ruído do tráfego rodoviário, não o caracterizando como incômodo. Entretanto, as mulheres são mais sensíveis ao ruído do tráfego e as pessoas mais jovens demonstraram maior tolerância à exposição de alto nível sonoro.
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No Brasil, cada vez mais pesquisadores estão desenvolvendo estudos sobre a paisagem sonora. Michalski e Caparroz [8] caracterizaram a paisagem sonora de três vias urbanas em áreas estratégicas da região central de São Paulo - SP. Foram feitas gravações sonoras, medições in situ de variáveis ambientais térmicas (temperatura, umidade do ar, velocidade e direção do vento) e acústicas (nível de pressão sonora), mapa sonoro, além da aplicação de questionários. Constatou-se que os níveis sonoros medidos ultrapassaram o limite aceitável de 60 dB estabelecido pela NBR 10.151 [10]. Obteve-se 90 respostas dos questionários aplicados. Na questão sobre a intensidade sonora e o incômodo gerado, os moradores se mostraram mais insatisfeitos do que as pessoas que trabalhavam no local. Associou-se os resultados dos questionários às medições, indicando que o tráfego de veículos representa a fonte sonora mais recorrente e incômoda nas áreas analisadas.
Xavier Rego et al. [9] caracterizaram acusticamente o calçadão de pedestres de Osasco - SP, a fim de incorporar a sua metodologia no desenvolvimento do primeiro mapa sonoro da cidade de São Paulo. Para tanto, realizaram medições de níveis de pressão sonora e mapa sonoro no software Cadna-A, soundwalks com 5 pesquisadores da área de acústica, gravações com microfones binaurais e aplicação de questionários. O calçadão foi modelado como uma fonte em área, em que o nível de pressão sonora (Lp) foi inserido e convertido em nível de potência sonora (Lw). Os níveis sonoros registrados estavam acima de 67 dB, sendo mais intensos no sábado do que em dias típicos da semana. Os mapas sonoros evidenciaram elevada exposição dos transeuntes no período diurno. Sobre a paisagem sonora local, os voluntários a caracterizaram como caótica, cheia de vida, estressante e eventual.
No que se refere à normatização internacional, em 2014, foi lançada a primeira norma sobre paisagem sonora, a ISO/TS 12.913 - Part 1: Definition and conceptual framework [3], que traz uma abordagem conceitual e define o termo como “o ambiente acústico percebido, experimento e/ou entendido por uma pessoa ou pessoas, no contexto” (Tradução livre). Em 2018, foi lançada a ISO/TS 12913 - Part 2: Data collection and reporting requirements, apresentando requisitos e informações de apoio sobre coleta e relatório de dados para estudos, investigações e aplicações de paisagem sonora [11]. A ISO/TS 12.913 - Part 3: Data analysis [12] fornece orientação sobre como analisar dados coletados e, atualmente, está em desenvolvimento, a ISO/TS 12.913 - Part 4: Design and intervention [5].
Pelo exposto, percebe-se a relevância dos estudos de paisagem sonora, como também, da preocupação vinculada ao tema da poluição sonora nas cidades. Em Aracaju, Nobre et al. [13] levantaram o quantitativo de queixas de ruído protocoladas pela população no órgão público local de gestão e controle da poluição sonora na cidade, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/PMA) (entre 2017 e 2018), e no Ministério Público de Sergipe (MP/SE) (entre 2013 e 2018). Os resultados obtidos mostraram que a atividade ‘Bar/Lanchonete/Restaurante’ foi a que obteve maior número de queixas de ruído em ambas as bases de dados. Especificamente, com relação aos dados da SEMA/PMA, a atividade ‘Loja/Comércio’ esteve na segunda posição neste ranking. Quanto à espacialização das queixas por bairro, verificou-se que o bairro ‘Centro’ esteve na terceira posição, ficando atrás dos bairros ‘Atalaia’ e ‘Farolândia’, ainda segundo os dados da SEMA/PMA. Os bairros ‘Atalaia’ e ‘Farolândia’ ficaram nas primeiras posições para ambas as bases de dados quanto os locais que evidenciaram maiores quantitativos de denúncias de poluição sonora.
Por outro lado, o cenário de impacto de ruído em áreas comerciais, por vezes provocado pelo uso abusivo e irregular de caixas de som em lojas, tem sido frequente em centros urbanos, a exemplo, do calçadão de Nova Iguaçu-RJ [14] e de Palmas-TO [15]. Neste contexto, o presente artigo analisa a paisagem sonora do calçadão da rua João Pessoa, importante rua comercial exclusiva para pedestres do bairro Centro de Aracaju, Sergipe. Este bairro se caracteriza pela relevância econômica e política, abrigando diversos tipos de usos, comércio e serviço, instituições culturais e de lazer, residências unifamiliares e multifamiliares, edifícios históricos, terminal intermunicipal de transporte público, praças, entre outros equipamentos urbanos. A metodologia buscou integrar avaliações quantitativas e qualitativas, com medições acústicas, mapas sonoros, gravação de áudios e questionários.
2. Materiais e métodos
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2.1 Caracterização da área de estudo
Aracaju, capital do Estado de Sergipe, está na região nordeste do Brasil. Possui área territorial de 182 km², 672.614 habitantes e densidade demográfica de 3.140,65 hab/km² [16]. O bairro Centro contém 2,15 km², localizado na zona centro, ao leste do município, sendo margeado pelo rio Sergipe. Este bairro foi planejado para abrigar a sede administrativa do Estado, possuindo diversos tipos de uso e ocupação do solo. Os usos comercial e de serviço correspondem a 50% dos lotes e o residencial 26% [17], tornando-se um pólo atrativo para diversas pessoas de outros bairros e cidades vizinhas. A Figura 1 mostra a localização da área de estudo.
Figura 1: Localização da área de estudo (Adaptado de Google Earth [18]).
O objeto de estudo deste trabalho é o calçadão da rua João Pessoa, maior calçadão contínuo do centro de Aracaju (aproximadamente, 380 m de extensão), sendo margeada, majoritariamente, por edificações de 1 a 2 pavimentos de altura, além de possuir algumas edificações com 3 e 7 pavimentos e um edifício comercial com 11 pavimentos. Todas as edificações existentes no local estão dispostas de forma geminada. A largura do calçadão varia, aproximadamente, de 11 a 13 metros.
Historicamente, a antiga rua João Pessoa tem se caracterizado como um espaço público forte. Em 1978 teve os seus três trechos de rua transformados em vias exclusivas para pedestres (calçadão), projeto de autoria do arquiteto e ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner. Em 1983, os trechos da rua Laranjeiras, adjacentes à rua João Pessoa, foram transformadas também em calçadão [19]. Atualmente, a região contém três calçadões, dois nas ruas já mencionadas e um na rua São Cristóvão. Além dessas ruas, existe ainda a travessa Deusdedith Fontes, menor e mais estreita. Nestes calçadões, os usos predominantes são comerciais e de serviços (lojas, restaurantes, escritórios de profissionais liberais), possuindo ainda o uso institucional (bancos, correios e a Igreja de São Salvador). No horário comercial, esta região tem fluxo constante de pessoas, sejam as que trabalham no local, clientes e consumidores, ou ainda vendedores ‘ambulantes’, ajudando na dinamização do espaço.
Nas proximidades dos calçadões, há uma via arterial a leste, Av. Rio Branco (que passa a ter o nome de Ivo do Prado, a partir da Praça Fausto Cardoso no sentido norte - sul). Esta via urbana possui intenso fluxo de veículos e paradas de ônibus. Além da Av. Rio Branco, existem outras vias, com menores fluxos veiculares. Os calçadões são pavimentados com pedras portuguesas e entre os mobiliários urbanos existentes, têm-se: bancos, lixeiras, postes de distribuição da rede elétrica e de iluminação (em alguns destes postes estão instalados caixas de alto-falantes, que transmitem a rádio local). A Figura 2 mostra fotos da rua João Pessoa nos anos de 1960 e atualmente.
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Figura 2: Rua João Pessoa: A. em 1960 [19], B. em 2023 (Arquivo pessoal).
2.2 Coleta dos dados acústicos
Como dados acústicos, foram feitas medições de níveis de pressão sonora (Lp), considerando os seguintes descritores acústicos: nível de pressão sonora equivalente - contínuo (Leq) e níveis sonoros estatísticos (L10 e L90) para análise da variabilidade dos níveis no ambiente sonoro. Para a coleta dos dados, foram estabelecidos cinco pontos de medição, sendo três dispostos no meio das quadras e dois no cruzamento com outros calçadões, a fim de verificar possível influência da morfologia urbana na variação de níveis sonoros (Figura 3). As medições acústicas foram executadas no dia 25/05/2023 (quinta-feira - dia típico da semana), em condições meteorológicas favoráveis, embora com ocorrências de céu nublado durante o dia.
Figura 3: Pontos de medição e equipamentos urbanos do entorno (Adaptado do Google Earth [18]).
A duração das medições foi de 10 min por ponto, das 9 às 11h e das 12 às 13h30min. As medições nesses horários buscaram caracterizar o ambiente sonoro em diferentes momentos de fluxo de pessoas do período diurno para posterior comparação com os limites normativos. Devido às restrições de tempo em função das instabilidades meteorológicas ocorridas nos últimos meses (período tipicamente chuvoso da região), não foi possível fazer novas campanhas de coleta de dados (por exemplo, em outros dias da semana e final de semana), limitação que poderá ser sanada em trabalhos futuros. Nas medições acústicas, foi usado um sonômetro, mod. SoundTrack LxT e um calibrador acústico, mod. CAL 200, ambos da marca Larson Davis e Classe 1 de precisão. O aparelho foi configurado na curva “A” de ponderação em frequência, resposta rápida (fast) e apoiado em um tripé a 1,5 m do solo. O equipamento foi ajustado antes e após a cada período de medição, conforme NBR 10.151 [10]. Simultaneamente aos registros de níveis sonoros, também foram realizadas gravações de áudios. Para
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tanto, utilizou-se o gravador Handy H5 Recorder, marca Zoom, com protetor de vento, a fim de possibilitar maior compreensão da paisagem sonora, com identificação de principais eventos sonoros, por exemplo.
2.3 Simulação acústica
As simulações e a geração dos mapas sonoros foram feitas com aplicação do software Cadna-A Basic BMP 4.4.145, licenciado através da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Os níveis sonoros medidos foram inseridos como fonte em área (area source), caracterizado a partir do espectro sonoro por banda de oitava em dBA a 1,5 m do solo. Foi inserida uma fonte área para cada ponto de medição, cuja geometria foi delimitada pelo contorno das fachadas das edificações das imediações. Manteve-se as fontes em área justapostas, preenchendo toda extensão do calçadão. Transformou-se o nível de pressão sonora (Lp) em nível de potência sonora por unidade de área (PWL) em bandas de oitava para inserção como dado de entrada no software, conforme XAVIER REGO et al [9]. O Cadna-A também pede como input, a inserção de um valor para a constante ‘K’ (em decibel), que eleva os níveis de potência igualmente para todo o espectro para a determinação da intensidade sonora. Por fim, foram inseridos no modelo acústico-geométrico, os dados de tráfego das vias do entorno próximo ao calçadão, cujos níveis foram extraídos de Lima [17] para caracterização acústica dessas vias.
2.3 Questionário
Durante os registros dos níveis sonoros, também foram aplicados questionários estruturados com perguntas objetivas e abertas, a fim de caracterizar o perfil dos usuários, seu tempo de permanência no calçadão e quais sons o agradavam ou não. Com base em trabalhos correlatos [8, 20, 21], foram elaboradas as seguintes perguntas para o questionário aplicado nesta pesquisa: (1) Qual a sua faixa etária? (2) Você possui alguma perda auditiva? (3) Quanto tempo você permanece ou circula no calçadão? (4) O que te traz ao calçadão? (5) Quais sons você está percebendo agora neste local? (6) Você considera algum desses sons agradáveis? Qual? (7) Algum desses sons gera incômodo? Qual? (8) Você acredita que existe poluição sonora no calçadão?
A aproximação junto aos voluntários ocorreu de forma aleatória ao longo dos trechos avaliados do calçadão da rua João Pessoa. Os questionários foram aplicados de forma consensual, durante as medições acústicas, conforme já mencionado. Para a catalogação e classificação dos sons mais predominantes apontados pelos entrevistados, adotou-se a classificação de Schafer [22], isto é, sons naturais, humanos, mecânicos e sons da sociedade. Esta caracterização auxiliou no reconhecimento dos tipos de eventos sonoros que foram mais percebidos na paisagem investigada.
3. Resultados e discussões
A Tabela 1 mostra as informações da localização dos pontos de coleta de dados, os níveis de pressão sonora equivalente contínuo (LAeq) medidos, os níveis estatísticos (L10 e L90), e a variabilidade do som (L10 - L90). Observando a Tabela 1, os níveis de LAeq nos pontos avaliados (entre 68 e 81 dB) estiveram muito superior ao limite aceitável de 60 dB pela NBR 10.151 [10] para período diurno e área mista com predominância de atividades comerciais e administrativas. Deve-se salientar que nesses pontos foram evidenciados altos níveis de som residual (LA90 entre 65 e 75 dB). Sabe-se que o ruído pode provocar reações no organismo para se adequar ao ambiente, desencadeando respostas endócrinas e do sistema nervoso, tornando-se um fator de risco para doenças cardiovasculares. Tais efeitos começam a ser vistos a partir da exposição diária de longo prazo a níveis de ruído superiores a 65 dB ou da exposição aguda a níveis de ruído acima de 80 a 85 dB. A exposição aguda ao ruído ativa reações nervosas e hormonais, acarretando aumentos temporários da pressão arterial, da frequência cardíaca e da vasoconstrição [23].
Tabela 1: Resultados das medições acústicas
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